O Idealismo Transcendental ou critico de Kant representou para a filosofia ocidental um ponto de inflexão comparável ao Heliocentrismo de Copérnico. Daí a habitual referencia ao sistema de Kant como uma Revolução Copernicana, na história do pensamento.
Immanuel
Kant nasceu em Konigsberg, Prússia, hoje Alemanha, em 22 de abril de
1724, os pais de origem humilde, eram adeptos de uma seita Luterana para
a qual a religião deveria manifestar-se na simplicidade e na
observância moral. Kant estudou com a ajuda do pastor da igreja. Em 1740
ingressou na universidade de Konigsberg como estudante de Teologia, mas
logo demonstrou predileção por matemática e física. Em 1744 publicou um
livro sobre questões relativas a forças cinéticas. Durante nove anos
trabalhou como preceptor, o que lhe permitiu entrar em contato com a
sociedade de Konigsberg e ganhar prestigio nos ciclos intelectuais.
Realizou então a mais longa viagem de sua vida, a cidade de Arnsdorf,
distante cem quilômetros de Konigsberg. Conseguiu completar os estudos
universitários e, em 1755, foi lhe dado o cargo de professor particular,
não integrado ao corpo docente na universidade da terra natal.
O
pensamento de Kant se achava, naquela época, centrado na filosofia
racionalista de Leibniz e na física de Newton. Isso fica evidente no
trabalho, Historia geral da natureza e teoria do céu, em que manifestava
uma concepção do universo como sistema harmônico regido por uma ordem
matemática. Gradativamente a influência dos empiristas ingleses –
sobretudo David Hume que nas palavras do próprio Kant, o despertou de
seu sono dogmático, - levou-o a adotar uma posição critica ante a
estreita correlação entre conhecimento e realidade, asseverada pelo
racionalismo. “Assim, A única base possível para a demonstração da
existência de Deus” e “Sonhos de um Visionário”, constituíram duras
criticas a metafísica racionalista e seus argumentos quanto a existência
de Deus. O prestigio de Kant como autor e conferencista estendeu-se e
ele recebeu convites de duas conceituadas universidades, a de Erlangen e
a de Jena, o que certamente o levou a pensar em deixar sua cidade.
Diante disso, a universidade de Konigsberg, reconhecendo por fim seu
valor ofereceu-lhe em 1770 a
cátedra de lógica e metafísica, que ele ocupou até quase o fim da vida.
Sua aula inaugural como professor universitário, foi um momento chave
do pensamento kantiano, pois estabelecia as bases pelas sobre as quais
se desenvolveria sua obra filosófica.
Em
linhas gerais, Kant argumentava que, embora seja certo dizer, como
Hume, que o conhecimento tem origem na experiência, isso não significa
que dependa exclusivamente dela. Segundo Kant, a realidade física é
conhecida aposteriori – ou seja, indutivamente a partir da experiência –
e seria ilegítimo atribuir ao mundo sensível princípios universais,
como por exemplo, o da causalidade. Toda ciência racional deve possuir
igualmente princípios universais apriori, isto é, independentes das
contingências e circunstâncias externas. Assim os princípios dedutivos
são faculdades do entendimento humano e é necessário determinar de que
maneira eles intervêm no processo cognitivo. Kant concebeu assim seu
sistema como uma síntese e superação das duas grandes correntes da
filosofia da época; o racionalismo e o empirismo. Alem disso pretendia
tornar a metafísica compatível com a ciência Físico-matematica. Para
realizar seu intento após longos anos de intensa reflexão, Kant elaborou
primeiro uma teoria do conhecimento – formulada na Critica da Razão
Pura – cujo objetivo era determinar os princípios que governam o
entendimento e os limites de sua aplicação assentando assim sobre bases
seguras o conhecimento cientifico. Posteriormente, na Crítica da Razão
Prática e na Critica do Juízo, Kant procurou dar fundamento sólido a
convicção de que existe uma ordem superior, capaz de satisfazer as
exigências morais e ideais do ser humano. Tal fundamento se encontraria,
segundo ele, na lei Ética, autônoma e independente – e, portanto, imune
às críticas produzidas dentro do campo restrito da ciência.








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